Encontro Nacional mapeia desafios da luta dos docentes das universidades estaduais do país, apontando ataques em comum e estratégias para o enfrentamento 

O XIX Encontro do Setor das Estaduais e Municipais (Iees/Imes) do Andes teve início nesta sexta-feira, 20, com vibrante passeata pelas ruas do Centro Histórico de São Luís, em apoio aos docentes da UEMA e da UEMASUL, em greve desde o dia 24 de agosto. 

O SINDUEMA, Seção Sindical do Andes, é o anfitrião do encontro, que segue até este domingo, 22, sob o tema “Em defesa da educação pública: a luta pela recomposição salarial e orçamento nas universidades estaduais e municipais”. 

Ato dos Professores das Universidades Estaduais do Brasil em Apoio à Greve dos Professores da UEMA e da UEMASUL 

A concentração para o ato ocorreu na Praça Pedro II, às portas do Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, como claro recado ao governador Carlos Brandão de que os docentes das universidades estaduais de todo o país não aceitarão o desrespeito e o silêncio reservados pelo seu governo à pauta que lhe foi apresentada desde muito antes da greve, ainda no primeiro semestre deste ano. 

Para comprovar ainda mais o total destrato com a pauta da educação superior estadual, em recente reunião com a Casa Civil, o governo indicou que qualquer proposta não sairia antes do dia 30 de outubro, como se algo tão sério pudesse esperar.

Dessa forma, como bem colocaram os professores de todo o país nas ruas de São Luís, “Professor na rua, Brandão a culpa é sua!”, responsabilizando o governador do Maranhão pela continuidade da greve, último recurso da categoria que demonstrou durante todo este tempo estar aberta às negociações, sem receber qualquer contraproposta concreta de Carlos Brandão. 

Ainda durante o ato, os participantes do XIX Encontro Nacional do Setor das IEES e IMES do Andes – Sindicato Nacional do qual o SINDUEMA é Seção Sindical – reafirmaram de forma veemente a solidariedade aos colegas da UEMA e da UEMASUL, sentenciando: “Se uma Seção Sindical do nosso Sindicato Nacional está em greve, todo o ANDES está em greve”. 

Faculdade de Arquitetura da UEMA é a ‘Sede’ do ANDES durante o Encontro 

O ato seguiu da Praça Pedro II até ao prédio do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UEMA, no bairro da Praia Grande, Centro Histórico da capital maranhense, que durante os três dias reúne os docentes das universidades estaduais para, nas palavras da professora Flávia Spinelli Braga, da coordenação do Setor das Iees/Imes e 1ª vice-presidenta da Regional Nordeste II do ANDES-SN durante a mesa de abertura, pautar as lutas do Setor a serem levadas para o Congresso do Andes

A mesa inicial contou ainda com as boas-vindas dadas pelo presidente do Sinduema, professor Bruno Rogens e a reafirmação, pela professora Sâmbara Ribeiro, 1ª tesoureira da Regional Nordeste I, de que todo o ANDES se encontra atualmente em greve, em referência à paralisação na UEMA e na UEMASUL, que caminha para completar dois meses com o governo do Estado preferindo o compasso de espera a abrir negociação com os professores e professoras. Em deferência à presença, à mesa, da professora Sheila Bordalo, presidenta do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Pública Municipal de São Luís (Sindeducação), foi falada ainda sobre a estreita relação entre as universidades estaduais e a formação de professores da rede básica. 

O professor Bartolomeu Mendonça, presidente da Apruma – Seção Sindical do Andes que representa os docentes da UFMA, destacou o respeito pelo Setor das IEES e das IMES, pelo desafio em suas especificidades, enfrentando a retirada de recursos – como denuncia a greve na UEMA e na UEMASUL e como também falaram docentes de diversas estaduais; o sucateamento; a diminuição do quadro docente; e o trabalho precarizado – pauta que o painel realizado ainda neste primeiro dia do Encontro demonstrou ser comum pelo Brasil. Para Mendonça, o Encontro é mais um momento de fortalecer e avançar contra esses ataques. Ele não deixou ainda de citar uma luta que é comum a todos e todas que constroem o Andes: o enfrentamento para sepultar de vez a PEC32, que pretende soterrar o serviço público. O presidente da APRUMA deu ainda informe sobre a luta estudantil na UFMA, com a ocupação da Reitoria: “Hoje é o 21º dia de ocupação pelos estudantes, dia em que seria realizada reintegração de posse pedida pelo reitor, mas os advogados populares que acompanham a questão conseguiram o agendamento de uma audiência de conciliação para o dia 26”, vitória que foi saudada pelo plenário. O SINDUEMA, como instituição de Frente da luta pela Educação, também é solidário ao movimento dos estudantes da UFMA. 

Ainda sobre o movimento estudantil, Urbano Bittencourt, presidente do Centro Acadêmico do Curso de História da Uema, representou o segmento, e fez questão de ressaltar que os estudantes seguem juntos aos professores até que o governo Brandão tenha uma resolutiva favorável aos docentes. “Vamos continuar na luta até que a gente tenha uma educação de qualidade, dure o quanto durar”, disse. 

As especificidades do Setor das IEES e das IMES, que já havia sido destacada pelo representante da APRUMA, também recebeu a atenção do professor Alexandre Galvão, da coordenação do Setor das Iees/Imes, que rememorou a origem do Setor, que foi fundamental para abordar questões como orçamento das universidades estaduais e municipais, por exemplo, o que contribui para gerar um plano de lutas focado que resulte em vitória para os professores. Isso faz com que tenhamos hoje, segundo ele, uma clareza muito maior do que significa a greve na UEMA e na UEMASUL. 

A presidenta em exercício do ANDES, professora Raquel Dias, ressaltou o quão animador é começar o Encontro com uma manifestação que traga a pauta da greve. Ela notou ainda que o tema do Encontro traz, “não por acaso” em seu tema, duas questões que estão na pauta da paralisação, que é a luta pela recomposição salarial e orçamento nas universidades estaduais e municipais. Como ela disse, isso reflete também as lutas que estamos vivenciando no país inteiro. Segundo a presidenta, o Encontro deve cumprir seu objetivo de apontar perspectivas para nossa luta.