Pegadinha: Brandão usa 28/10 para humilhar servidores públicos, e reajuste na verdade é arrocho até 2026

Governador disse no Dia do Servidor Público que havia enviado à Assembleia Legislativa proposta de reajuste de salários em 11%, mas ambas as afirmações eram mentira: o projeto só seguiu à ALEMA na noite desta terça-feira, 31, para ser votado no dia seguinte em caráter de urgência e pode significar a maior humilhação imposta ao funcionalismo em tempos recentes.

Segundo o projeto de lei que os servidores somente tiveram acesso na noite desta terça, para este ano servidores seguem sem nada; em 2024, duas parcelas de 2,5% cada, em janeiro e em julho, valor que somado não repõe a inflação, aprofundando perdas; para 2025, mais uma parcela de 2,5% no meio do ano e a última seria em julho de 2026 (3,5%), o que acaba por não apenas congelar salários até 2026, mas aprofundar perdas: servidores chamam projeto de lei enviado à Assembleia de PL da Humilhação, e prometem não se dobrar à destruição de carreiras proposta pelo governo estadual. A intenção é pressionar pela não votação da matéria do jeito que está a toque de caixa, como pretende o governo.

Parte do PL enviado em 31 de outubro à Assembleia Legislativa

Discussão de reajuste marcada por autoritarismo e mentira

Em greve desde 24 de agosto, os professores das principais instituições de ensino superior estaduais nunca conseguiram reunir-se com o governador Brandão para tratar de sua pauta, mesmo tendo procurado construir canais para tal, através de secretários e parlamentares da base do governo. Enquanto isso, a propaganda oficial dizia que estava dialogando com os professores em greve, em total descompasso com a realidade.

Para aprofundar o cenário de desrespeito, a proposta enviada esta semana à ALEMA não ouviu qualquer categoria, e foi montada uma propaganda que contou com o próprio governador mentindo em vídeo institucional que daria reajuste de 11%, sem especificar como. O primeiro choque foi quando se ventilou a possibilidade de que tal índice vigorasse apenas a partir do próximo ano, sem repor, no caso dos professores da UEMA e UEMASUL por exemplo, perdas acumuladas há mais de uma década.

Ainda assim, nem nas piores projeções os servidores imaginariam tamanha perversidade: índices mínimos ao longo de três anos, o que, como dissemos, acaba não apenas por congelar salários, mas aprofundar perdas – o que em última instância significa claro ataque à educação superior pública do Maranhão.

O SINDUEMA disponibiliza a seguir as peças enviadas pelo governo à Assembleia, conclama agora não apenas professores mas todo o funcionalismo e suas entidades representativas a pressionarem os deputados a não permitirem tamanho ataque, e apela a estes ditos representantes do povo que façam valer suas consciências e discutam a matéria com os trabalhadores, não votando o PL DA HUMILHAÇÃO em regime de urgência, muito menos da forma que foi enviado. Estaremos acompanhando e os inimigos da Educação e do Serviço Público serão responsabilizados publicamente ao concordarem com tamanho desrespeito.